Petistas baianos optaram pelo silêncio em relação à matéria publicada nesta segunda-feira (30) pelo jornal O Estado de São Paulo, a qual informa que o ministro das Comunicações do governo Lula, Juscelino Filho (União Brasil), direcionou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente à sua fazenda, em Vitorino Freire (MA).
Conforme a publicação, a propriedade referida também abriga uma pista de pouso para seu avião particular e um heliponto. Faltava uma boa estrada para levar à Fazenda Alegria.
Petistas como o senador Jaques Wagner e o presidente da sigla na Bahia, Éden Valadares, foram procurados para repercutir o caso, mas não atenderam ou não responderam os questionamentos feitos pela imprensa.
Vale lembrar que o orçamento secreto, iniciado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – também chamado de emenda do relator – é uma prática legislativa brasileira iniciada em 2020 para destinação de verbas do orçamento público a projetos definidos por parlamentares sem a identificação destes.
A caracterização como “secreto” surgiu na mídia, justamente, devido à falta de transparência quanto aos valores de cada repasse e dos nomes dos parlamentares envolvidos.
A prática foi condenada por petistas no decorrer do último governo, inclusive pelo próprio presidente Lula (PT) durante a campanha eleitoral.
Escolhido pelo atual presidente da República para comandar uma das principais pastas do governo, com orçamento de R$ 3 bilhões, Juscelino era até o ano passado um deputado federal do baixo clero, eleito para o terceiro mandato. Nunca teve influência nas discussões nacionais, muito menos no setor de radiodifusão.
Tinha, porém, força no Centrão, o bloco de partidos que dá as cartas do poder. Nos últimos quatro anos, apresentou seis projetos de lei, entre eles o que estabelece o Dia Nacional do Cavalo, animal criado em suas terras.
A proximidade com o grupo que apoiou o então presidente Bolsonaro, em troca do orçamento secreto, não só alçou Juscelino à condição daqueles políticos que mais manejaram recursos do esquema como o levou ao primeiro escalão de Lula.