Se a política brasileira seguisse um padrão moral dentro do esperado da sociedade, a possibilidade do presidente Jair Bolsonaro se filiar ao Progressistas causaria constrangimento ao diretório baiano da legenda. No entanto, o poderoso PP, que hoje comanda a República com mais força que Bolsonaro, não parece ver contradição em ter o símbolo-mor do antipetismo nos seus quadros ao mesmo tempo em que apoia o projeto de continuidade do PT no governo da Bahia.
O atual vice-governador João Leão e a trupe do entorno insistem na tese de que ele tentará ser governador em 2022. Acreditam tanto que todos falam nos bastidores sobre a indicação de um vice para a chapa de Jaques Wagner no próximo ano. Porém precisamos reconhecer que o gogó leonino é folclórico por essas bandas e ninguém se surpreende com o governismo desse grupo. O partido do PP sempre esteve no poder, se tem poder, tem PP. Logo, esperar algo diferente disso é não enxergar a nossa realidade. Arvorados com a chance de Bolsonaro se filiar e demandar um palanque local, dificilmente o tripé PT-PSD-PP, ficariam juntos, dificilmente esse desenho de uma candidatura independente se confirmaria – por essas razões, o grupo de ACM Neto, automaticamente se fortaleceria para a próxima eleição, obrigando uma indicação do PP para uma vice de ACM ao governo do estado. Sabemos que o melhor nome do PP hoje é o deputado Federal Ronaldo Carleto.
É certo que estamos falando de hipóteses e conjecturas que podem não se confirmar até 2022. O PP com Arthur Lira e Ciro Nogueira assume a articulação política do Planalto e avaliza a continuidade de um governo fragilizado. A ida de Bolsonaro para a sigla é um caminho natural e pode dar a ele a infraestrutura para um campanha eleitoral mais próxima das padrões brasileiros. Afinal, o próprio Bolsonaro já disse que sempre foi do “centrão”, então o discurso anti-stablishment foi abandonado de vez, ainda que existam crédulos a confiar na posição antissistema.